Amados!
Muita gente tem dificuldade de entender que a vida é uma escola e que cada indivíduo vivencia experiências que o colocam em contato com seus próprios conteúdos, que devem ser trabalhados para sua evolução.
Isso significa que tudo o que vivemos tem relação conosco e serve para um aprendizado.
Como este é um planeta mágico há um instrumento para este aprendizado, chamado Projeção. Quando identificamos algo no outro que nos incomoda, o incômodo deve-se ao fato de termos o mesmo conteúdo.
O outro é um espelho que refleto tudo o que não conseguimos ver em nós.
Abaixo incluo um texto que esclarece bem o tema:
"É possível relacionar-se sem projeção ? Não acredito.
Filosoficamente falando, não é possível relacionar-se sem projeção, mas há um status do sentimento subjetivo em virtude do qual um às vezes sente que sua projeção «calça» e não há necessidade de trocá-la, e outro status no qual se sente incômodo e pensa que terei que corrigir a situação.
Mas nenhuma projeção se corrige nunca sem essa sensação de desconforto.
Suponhamos que levamos dentro um mentiroso inconsciente e nos encontramos com alguém que minta como um contador de história. A única forma de reconhecer o mentiroso no outro é sê-lo nós mesmos, porque de outra maneira não nos daríamos conta de que ele mente.
Só é possível reconhecer uma qualidade em outra pessoa se tivermos a mesma qualidade e conhecermos a sensação que se experimenta ao mentir, e por isso reconhecemos a mesma coisa em outra pessoa.
Como o outro é realmente um mentiroso, fizemos uma avaliação acertada; por que, pois, teríamos que dizer que é uma projeção que deve ser retirada?
Constitui uma base para a relação, porque pensamos para seu adentro: se X é um mentiroso, não devo acreditar do todo nada que ele me diga, a não ser questioná-lo. É algo muito razoável, bem adaptado e correto.
Seria um grave engano pensar que não é mais que uma projeção de um, e que deveríamos dar crédito à outra pessoa; fazê-lo assim seria uma tolice.
Mas se o encara filosoficamente, é uma projeção ou o enunciado de um fato? Filosoficamente não se pode chegar a uma conclusão, só se pode dizer que subjetivamente parece correto.
Por isso Jung diz —e este é um ponto delicado, que raras vezes entendemos quando pensamos na projeção— que só podemos falar de projeção, no sentido próprio da palavra, quando já existe certo desconforto, quando a identidade de que sente está perturbada; quer dizer, quando tenho uma sensação de inquietação a respeito do que disse de X é ou não é verdade. Enquanto isso não aconteceu em forma autônoma dentro de mim, não há projeção."
MARIE-LOUISE VON FRANZ - ALQUIMIA